Karate: Mestres e escolas

segunda-feira, 25 de outubro de 2010.

O trabalho fundamental de Gichin Funakoshi foi o de introduzir as alterações necessárias à transformação de uma arte de guerra, numa actividade formativa, física e espiritualmente, ao serviço do HOMEM.

Foi em 1900 que o Mestre Gichin Funakoshi efectuou, no Japão, a primeira demonstração pública, daquela que viria a ser conhecida universalmente sob o nome de Karate-Do, «A Via das Mãos Vazias». Mãos Vazias, para se ter a disponibilidade total e, suficientemente, abertas para tudo poder receber.

Gichin Funakoshi nasceu em 1869 em Shuri, distrito de Yamakawa-Cho, Okinawa, filho único, prestou exame na Escola de Medicina de Tóquio, no qual, foi aprovado, mas devido a uma nova lei que proibia aos homens o porte do «Chon Mage» (símbolo da virilidade e da maturidade), não pôde concretizar os seus estudos. Por esse motivo voltou-se para a prática e estudo aprofundado do Karate, no qual, se tornaria, posteriormente, no seu representante máximo.

De uma personalidade bem marcante, com uma vontade indómita, a sua natural benevolência e distinção de maneiras, a par de uma ímpar gentileza e respeito por todos, para além de uma forte energia, muita coragem, muita determinação e uma força mental, altamente capacitada, tornaram-no numa figura que, para muitos era sinónimo de alguém "sobrehumano", um «Tatsujin», ainda mais quando, se contrastava as suas virtudes com o seu pequeno porte físico de 1,67m com 67kg, sendo admirado por todos os seus contemporâneos.

Na sua época, a prática das artes marciais era proibida no Japão e tal como descreve nas suas memórias, no livro "Karate-do - O Caminho da Minha Vida", ele treinava sempre em segredo, repetindo até à exaustão o mesmo Kata. Sem a permissão de seu mestre e até que os seus movimentos chegassem a uma grande harmonia e precisão, não se aprendia um novo Kata, o que o tornou um exímio mestre de renome universal.

Em 1922, fora escolhido para representar a arte do Karate, praticada em Okinawa, numa demonstração pública, em Tóquio. Como já tinha mais de cinquenta anos, Gichin Funakoshi não correspondia ao mito japonês de "budoka (guerreiro) terrível", que o Japão procurava fazer sobreviver, na época, mas mesmo assim, a sua apresentação foi muito bem sucedida.

Muitos aspectos da personalidade de Funakoshi, passaram a ser conhecidos através de histórias passadas, daqueles que conviviam com ele, como por exemplo, Genshin Hironishi, um discípulo seu, no qual dizia que, o seu mestre opunha-se às ideias das gerações vindouras, após a II Guerra Mundial, pois continuaria a seguir os hábitos e costumes da sua época, anterior à I Guerra Mundial. Dizia ele que, Funakoshi se recusava a frequentar uma cozinha ou a pronunciar certas palavras japonesas, modernas, existentes na sua época, alegando que, "...sem elas passava muito bem".

Uma outra peculiaridade comportamental interessante de Gichin Funakoshi, era a forma ritualística com que fazia as coisas, sendo que a primeira coisa que ele fazia, diáriamente, na sua "toilette" matinal, que durava cerca de uma hora, era o escovar os seus cabelos, com uma infinita paciência, e só depois então, voltava-se para o Palácio Imperial e saudava-o com respeito, inclinando-se, após o qual, fazia a mesma saudação, à sua terra natal - Okinawa. Depois desses rituais, tomava o seu chá matinal e reiterava-se dos seus afazeres.

Sensei Gichin Funakoshi deixou-nos uma herança riquíssima, um legado de pensamentos, que espelham a filosofia do Karate e das suas técnicas, bem como, toda a sabedoria oriental. Além disso, deixou-nos dois importantes documentos, quais caminhos, que nos levam a uma vida mais harmoniosa, são eles o Dojo Kun e o Niju Kun que são os axiomas do Karate, os quais, devem ser seguidos por todos os karatecas e que veremos mais adiante.

A partir desta altura, e graças ao abnegado serviço, prestado pelo Mestre Masatoshi Nakayama - honra lhe seja feita - (na foto), discípulo do Mestre Funakoshi, o Karate-do pôde merecer assim, a atenção de muitos homens do saber, proporcionando-lhe uma nova forma de divulgação, expandindo-se além fronteiras, por toda uma equipa de instrutores e técnicos, os quais, ao longo dos anos 60 e 70, perfizeram toda uma geração de Ouro, na vida do Karate-do, fazendo com que pudessemos, hoje, disfrutar da maravilhosa prática que o Karate-do nos proporciona.


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No meio do caminho

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
 
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