O ultimo discurso (Charles Chaplin)

sexta-feira, 17 de julho de 2009.





O ultimo discurso


(de "O Grande Ditador")


Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o
meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja.
Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o gentio... negros... brancos.
Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos
são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o
seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros?
Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode
prover a todas as nossas
necessidades.


O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém
nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no
mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso
para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos
sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância,
tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos
céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em
demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos
de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e
doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.

A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria
natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem...
um apelo à fraternidade universal... à união de todos nós. Neste mesmo
instante a minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora...
milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas... vítimas de
um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que
me podem ouvir eu digo: "Não desespereis! A desgraça que tem caído
sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia... da
amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os
homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder
que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto
morrem homens, a liberdade nunca perecerá.


Soldados! Não vos entregueis a esses brutais... que vos
desprezam... que vos escravizam... que arregimentam as vossas vidas...
que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos!
Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma
alimentação regrada, que vos tratam como gado humano e que vos
utilizam como bucha de canhão! Não sois máquina! Homens é que sois!
E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam
os que não se fazem amar... os que não se fazem amar e os inumanos!

Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! No
décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de Deus
está dentro do homem – não de um só homem ou grupo de homens, ms
dos homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder – o poder
de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o
poder de tornar esta vida livre e bela... de faze-la uma aventura
maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos desse poder,
unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo... um mundo bom
que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e
segurança à velhice.

É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao
poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o
cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos
agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à
ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um
mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos
nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos!

Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontrares, levanta os
olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam!
Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo –
um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio
e da brutalidade. Ergue os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou
asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da
esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos!





Charles Chaplin

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Texto

No meio do caminho

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
 
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